Professor encontra em Portugal documento que muda a história de Jundiaí

Professor encontra em Portugal documento que muda a história de Jundiaí

Todo bom jundiaiense ou historiador amador, com certeza, conhece a história da criação de Jundiaí. Porém, um documento encontrado pelo cientista social Samuel Vidilli, mostra que existe outra versão da história, escrita e registrada em um documento oficial com dez páginas, relatando o processo de elevação da vila de Jundiaí.

A história mais popular liga a criação do munícipio com a vinda de Rafael Oliveira e Petronilha Rodrigues Antunes para a região, após saírem fugidos de São Paulo por questões políticas e conjugais. Já o documento mostra que o pedido de elevação foi feito em comum acordo pelo povo, que já habitava a região.

Samuel Vidilli, que tem desenvolvido um trabalho de escrita da história de Jundiaí, recorreu à Torre do Tombo, em Lisboa, para obter mais informações. A Torre funciona como Arquivo Central do Estado Português, reunindo materiais desde a Idade Média. Pesquisando como Jundiaí, nada foi encontrado. Mas, quando a pesquisa foi feita com ‘Jundiahy’, escrita antiga do nome da cidade, foi possível localizar o documento que muda a história do munícipio: o “Traslado do Auto da Criação da Vila de Jundiahy”.

Cientista encontra em Portugal documento que muda a história de Jundiaí 10Reprodução: Arquivo Nacional Torre do Tombo

“É com muita alegria que eu divido esse documento. São dez página escritas à mão. É um traslado escrito oficialmente em 1767 por Marcelino Pereira”, conta Vidilli com entusiasmo.

Uma das informações mais importante das dez páginas do documento, está logo na primeira. A data de elevação de Jundiaí à vila consta como 14 de dezembro de 1656, ou seja, um ano depois do que a data que comemoramos atualmente.

“Esse documento é importante, na minha opinião. Ele, de certa maneira, é um pouco do registro de quem somos como jundiaienses, do que a cidade é. Conta um pouco da história e mostra um movimento popular em 1656 que levou à criação da cidade”, afirma o cientista.

Para realizar a leitura do documento, Vidilli conta com a ajuda da amiga e entusiasta Fátima Martini. Ela ajuda a "decifrar" as frases com técnicas de paleografia, que é o estudo das antigas formas de escrita.

O que o documento diz sobre a criação da cidade?

Além de divulgar uma data nova, fazendo a cidade rejuvenescer em um ano, o documento diz que a criação da vila se deu através de um abaixo-assinado. Cerca de 80 pessoas, que já habitavam as terras, se reuniram e pediram à Capitania de São Vicente, o lugar mais importante entre as vilas brasileiras, que criassem a partir do povoamento que já havia na região, a Vila de Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy.

Com as assinaturas em mãos, eles enviaram à Capitania, que mandou para a região um capitão-mor e um ouvidor-mor.

Cientista encontra em Portugal documento que muda a história de Jundiaí 12

O que precisava para que Jundiaí se tornasse uma vila?

A vila de Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy no Império Português, era a menor divisão territorial. Para ser elevada à vila, era necessário ter uma capela, uma prisão, um local para abrigar a câmara e um rocio (espaço para onde a cidade cresceria). Além disso, era necessário também, nomear um sargento-mor, que cuidaria da segurança; um ouvidor-mor, que cuidaria das leis e um provedor-mor, que arrecadaria o dinheiro.

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Como era a região central de Jundiaí na época?

Na cidade já havia o Pelourinho, que atualmente é a Praça Ruy Barbosa. A Matriz, que não se tem confirmação se o local que está atualmente é o mesmo das épocas antigas. A cadeia e a câmara, que atualmente é a Escola Estadual Conde do Parnaíba. O Mosteiro de São Bento, que permanece no mesmo local e o rocio onde, atualmente, é a Praça das Bandeiras.

Cientista encontra em Portugal documento que muda a história de Jundiaí 9

Todos que desejarem podem ter acesso à Torre do Tombo e pesquisar sobre o documento. Basta fazer o cadastro direto no site.

Para Samuel Vidilli, o documento não torna a história da cidade algo definitivo, mas contribui para uma construção histórica, que ainda tem informações para serem encontradas. “A fundação, quando o primeiro português pisou na cidade, por exemplo, ainda é algo que gera dúvidas. Muito se fala em 1615, outros dizem 1590 e outros, 1637. Eu acredito que essa história ainda será contada”, finaliza o cientista.

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