Um a cada oito bebês nascidos no HU é filho de mãe adolescente

Um a cada oito bebês nascidos no HU é filho de mãe adolescente

Levantamento realizado pelo Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) aponta que um a cada cinco bebês nascidos no Brasil é filho de mãe adolescente. Em 2016 nasceram 431 mil bebês de mães com idade entre 11 e 19 anos.

Em Jundiaí, no Hospital Universitário, nos primeiros quatro meses deste ano, o número é um pouco menor: um a cada oito bebês que nascem no hospital é filho de mãe que está nesta faixa etária. De janeiro a abril deste ano, foram realizados em média 336 partos por mês, 12,5% deles em mães adolescentes.

A jovem Tayna Oliveira é uma delas. Grávida aos 16 anos, ela conta que levou um choque quando teve a confirmação. “Meu maior medo era contar para os meus pais e para o meu chefe”, conta. Na época da notícia ela era estagiária em uma agência da Caixa Econômica Federal. Segundo ela, não sofreu preconceito. “Fui acolhida, tanto em casa quanto no emprego, e segui trabalhando até o final da gravidez”, relembra.

Um a cada oito bebes nascidos no HU e filho de mae adolescente2

O bebê, hoje com 7 meses, nasceu no HU e fez com que a mãe empreendesse para passar mais tempo perto do filho. Hoje, ela trabalha como maquiadora e designer de sobrancelhas.

Mas, nem sempre a notícia de uma gravidez na adolescência é tranquila e feliz como a de Tayna. A estudante Maria Eduarda Rodrigues conta que enfrentou muito preoconceito, da família e amigos quando contou sobre a gravidez. “Meus pais não aceitavam. Passaram meses sem conversar direito comigo. Na escola eu era apontada pelas pessoas, como se tivesse cometido um crime”, desabafa. No decorrer da gravidez os pais “amoleceram”, conta a garota, e a ajudaram a enfrentar as dificuldades. “Continuei na escola até o final da gravidez, mas tive de parar depois que ele nasceu. Pretendo voltar no próximo ano. Agora com um filho, quero correr atrás dos meus objetivos para que ele tenha uma vida digna”, explica.

Riscos para a saúde

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) a gravidez na adolescência é considerada uma gestação de alto risco, pois o corpo jovem ainda não está completamente formado para a maternidade, o sistema emocional fica abalado e estes fatores podem contribuir para consequências maiores para a saúde da mãe e do bebê. Especialmente quando não há o acompanhamento adequado do pré-natal.

Segundo o médico ginecologista e obstetra Francisco Pedro Filho, do HU , além dos riscos físicos e psicológicos, o risco social deve ser levado em consideração. “É comum a jovem parar de estudar ou trabalhar, causando efeitos ao longo da vida”, diz.

Estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que 76% das brasileiras com idade entre 10 e 17 anos que têm filhos não estudam e 58% não estudam e nem trabalham.

“De modo geral as famílias reagem de forma positiva e isso é muito importante, pois garante o apoio necessário para que a jovem realize o acompanhamento pré-natal. Os pais costumam acompanhar na realização dos exames e se interessam pelos resultados”, relata o médico.

Conselho

Atualmente o Ministério da Saúde investe em políticas de educação em saúde e em ações para o planejamento reprodutivo. No entanto, de acordo com o dr. Pedro Filho, a família também precisa participar para que a decisão de ter um filho seja a mais acertada possível, afinal, é para a vida toda. “Importante é ter a presença da família na vida das jovens, ter muito diálogo. Se aos 12, 13 ou 14 anos elas estão namorando um garoto de 17, 18 ou 20 anos, com certeza já iniciaram sua vida sexual. É preciso orientar sobre a vida sexual, ter cuidado, ser um pouco mais rígido e valorizar a estrutura familiar”, orienta

Recomendados para você