Objetos curiosos e até bizarros são esquecidos nos metrôs e trens

Objetos curiosos e até bizarros são esquecidos nos metrôs e trens

Próteses de perna e dentária, instrumentos musicais, pias de banheiro, carteiras, documentos, capacetes de motociclista, dinheiro em moeda nacional e estrangeira, livros, álbuns de fotos, carrinhos de bebê e supermercado, ferros elétricos e ventiladores. Quase de tudo é esquecido pelos passageiros do Metrô e da CPTM nas estações e composições de trem.

Além de motivo de surpresa, os objetos mais estranhos encontrados nas prateleiras dos Achados e Perdidos do Metrô e CPTM indicam que as pessoas que os perderam desistiram de recuperar os seus pertences porque acreditavam ser impossível de achar novamente.

Essa falta de fé em São Longuinho, o santo protetor das causas e objetos perdidos, na maioria das vezes não corresponde à realidade. É o caso da passageira do metrô que em 31 de janeiro desse ano perdeu a bolsa na estação Butantã do Metrô, com todo o salário do mês: R$ 1,4 mil. A bolsa foi encontrada por outro passageiro e devolvida intacta à administração da Linha 4, administrada por uma concessionária.

Assim como todos os objetos encontrados nas linhas do metrô, a bolsa foi encaminhada à Central de Achados e Perdidos, localizada na Estação Sé. Dentro da bolsa, além do dinheiro e de outros objetos pessoais, havia um bilhete único do Cartão BOM.

Até julho deste ano, foram esquecidos nas linhas da CPTM 45 mil itens, um média de 6 a 7 mil por mês. Deste total, acabaram devolvidos 18.076 itens, entre objetos e documentos. 

Em uma das linhas, foi encontrado um saxofone. A equipe demorou um ano para localizar o proprietário, um músico da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), conta Eliete. Nesse caso, o setor achou melhor guardar o instrumento até encontrar o seu dono. Quando ele finalmente foi encontrado, o músico já tinha comprado outro saxofone, mas disse que não era da mesma qualidade daquele que ele pensou nunca mais recuperar.

É ele quem diz que as pessoas precisam ter mais confiança no próximo. Grande parte dos objetos recuperados são encontrados pelos próprios funcionários que verificam as composições quando elas chegam aos terminais, mas também é frequente os próprios passageiros encaminharem os objetos que encontram.

Se não reclamados no período de 60 dias, objetos e valores são doados ao Fundo Social de Solidariedade do Governo do Estado. As normas são semelhantes, tanto as do Metrô quanto as da CPTM, assim como a dinâmica de trabalho. Diariamente, mensageiros de todas as linhas chegam aos locais de centralização dos achados e perdidos para entregar o que encontram. O da CPTM fica na Estação Barra Funda.

A Central de Achados e Perdidos do Metrô, na Estação Sé, possui uma seção de objetos inusitados.  No “museu” do setor tem uma imagem de São Longuinho. É uma homenagem da assessoria de imprensa da companhia ao trabalho da equipe do Achados e Perdidos.

Os mais curiosos

O museu destaca alguns dos objetos mais significativos que foram esquecidos nas composições ao longo dos anos (o Achados e Perdidos funciona desde 1975, cerca de um ano depois do metrô entrar em operação), como por exemplo: dois trompetes; uma espada provavelmente utilizada por algum mestre de Kung Fu; uma edição bem produzida do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos; uma edição antiga da obra de Reinação de Narizinho, clássico de Monteiro Lobato, escrita em Braile, entre outros.

Ali também há um álbum de fotos antigas de uma família, que é provavelmente tradicional em São Paulo. Segundo Borges, era de propriedade de uma senhora de idade que já morreu. Os familiares foram avisados, mas ninguém se interessou em recolher o álbum. Para a sua dona, o material deve ter sido de grande valor emocional. Uma das fotos, aparentemente, é de seu casamento.

No museu estão também três dentaduras ou próteses dentárias. Em um determinado dia, um senhor foi até o departamento porque havia perdido a sua prótese, lembra a funcionária Suzana Célia de Andrade, supervisora do setor há 5 anos e há 35 anos funcionária do Metrô. As três próteses foram mostradas a ele, que, sem cerimônia, experimentou todas, escolheu uma delas e saiu. Horas depois, entretanto, ele voltou para devolver a dentadura. Disse que não tinha se adaptado a ela e, com certeza, não era essa a que tinha perdido.

SERVIÇO

Onde encontrar os objetos perdidos

Central de Achados e Perdidos do Metrô

Estação Sé

Atendimento: pessoalmente, de segunda à sexta-feira (exceto feriados), das 7h às 20h

Consulta a documentos e objetos identificados podem ser feitas diariamente pelo 0800-770-7722, das 5h30 ás 23h30 ou pelo site www.metro.sp.gov.br

Central de Achados e Perdidos da CPTM

Estação Barra Funda da CPTM

Atendimento: pessoalmente, de segunda à sexta-feira (exceto feriados), das 7h às 19h

Pelo 0800-055-0121, serviço 24 horas ou pelo site www.cptm.sp.gov.br
 

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