No dia 11 de agosto, durante uma forte ressaca no litoral de São Paulo, ondas de mais de 4 metros de altura atingiram o navio Log-In Pantanal, da empresa Log-In, no Porto de Santos. Ao menos 46 contêineres que estavam no navio foram lançados ao mar. Somente oito foram resgatados. O restante se juntou à gigantesca quantidade de lixo que polui nossos oceanos.
Parte desse lixo decidiu reaparecer nesta semana, provavelmente de um contêiner que carregava produtos natalinos. O mar despejou uma parte desse lixo nas praias do Litoral Norte de São Paulo, no município de São Sebastião.
O Instituto Argonauta, uma organização fundada pelo Aquário de Ubatuba que atua no monitoramento da fauna do Litoral Norte, identificou o lixo nas praias de Guaecá, Barequeçaba e Praia Grande de São Sebastião. As imagens feitas pela equipe do instituto ilustram esta matéria.
Segundo o oceanógrafo e presidente do instituto, Hugo Gallo, o impacto desse tipo de material no oceano é grande. "Um dos problemas é a ingestão acidental desse material pela fauna", diz. Aves, tartarugas e mamíferos podem confundir o plástico com alimento e acabar morrendo. Outro problema é que, ao se deteriorar, esse plástico entre na cadeia alimentar, sendo ingerido por animais pequenos e peixes, até chegar às redes dos pescadores.
Segundo Gallo, é a primeira vez que um acidente desse porte acontece na região desde o ínicio dos trabalhos do instituto, há 18 anos. Ele ressalta que o tipo mais comum de poluição do mar é o lixo individual, lançado por moradores e turistas. "Nós acreditamos que, para resolver a poluição do mar, precisamos trabalhar com educação ambiental. Não há outra forma de solucionar o problema", diz.
Isso, é claro, não diminui a responsabilidade da Log-In. Por lei, ela deve trabalhar na recuperação ambiental e no recolhimento do lixo causado pelo acidente. A empresa diz que já começou a operação de limpeza.