Jundiaiense preso na Ucrânia por terrorismo tem uma nova chance

Jundiaiense preso na Ucrânia por terrorismo tem uma nova chance

O julgamento do jundiaiense Rafael Marques Lusvarghi, que no início do ano havia sido condenado na Ucrânia por terrorismo, foi anulado. O jovem de 32 anos foi condenado anteriormente a 13 anos de prisão após ter lutado contra o exército ucraniano ao lado de tropas militares rebeldes.

Mesmo com a anulação, ele continua preso em Kiev e deve ser julgado novamente até o próximo dia 15. Caso isso não aconteça, ele poderá ser solto.

Ele está detido há um ano, mas alega inocência por meio de cartas após ter sido acusado pela polícia local de ser “mercenário” e “assassino profissional”. Rafael teria lutado pela independência política de dois territórios do país. Pretendiam criar a República Popular de Donetsk (RPD) e a República Popular de Lugansk (RPL).

Com o cessar fogo no país europeu, o conflito acabou. Rafael voltou a Jundiaí onde nasceu e mora sua família. Mas como não conseguiu emprego, aceitou proposta de trabalho como segurança de navios ucranianos no Chipre, país no leste do Mar Mediterrâneo. Porém, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Kiev-Borispol, na Ucrânia, foi preso pelo serviço secreto ucraniano.

Rafael considerou que sua prisão foi uma emboscada. “Me enganaram com uma proposta de serviço naval”, escreve numa das cartas.

O caso

Em 25 de janeiro deste ano, Rafael foi condenado pelo Tribunal do Distrito Petcherski por ações terroristas. Seus advogados recorreram da decisão alegando ter ocorrido irregularidades durante o processo. O Tribunal de Apelação de Kiev concordou e decidiu anular a sentença em 17 de agosto.

Três juízes entenderam que a condenação foi “ilegítima e infundamentada”. Reconheceram violações, como, por exemplo, ausência de tradutor para a língua portuguesa, falta de comunicação da detenção do réu aos seus parentes e até suspeitas de maus tratos contra ele.

Preso na Copa do Mundo

Essa não é a primeira vez que Rafael é mantido preso. Em 12 de junho de 2014, ele ficou conhecido publicamente ao ser detido no protesto contra a Copa do Mundo na capital de São Paulo. Naquela ocasião, enfrentou a Polícia Militar (PM) sem camisa e levou tiros de bala de borracha. Aparece ainda em vídeo sendo contido por diversos policiais e levando um jato de spray de pimenta no rosto.

Acusado de ser adepto da tática black bloc (que consiste em destruir patrimônios públicos para protestar), Rafael ficou 45 dias preso. 

Quem é ele

Mais velho de quatro irmãos nascidos numa família de origem húngara e de classe média, Rafael é jundiaiense. A mãe professora é separada do pai, empresário em Minas Gerais. Na adolescência, ele fez curso de técnico de agronomia.

Aos 18, Rafael se alistou na Legião Estrangeira, na França, onde serviu por três anos. Na volta ao Brasil, foi soldado da Polícia Militar de São Paulo, entre 2006 e 2007. Depois tentou a carreira de oficial na PM no Pará, mas abandonou em 2009.

Em 2010, ele seguiu para a Rússia para estudar medicina. Tentou entrar para o exército russo, mas não conseguiu e voltou à América do Sul. Afirmou ter entrado no território colombiano, onde ingressou nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

 

Descontente, retornou ao Brasil. Começou a dar aulas de inglês e trabalhar numa empresa de informática em Indaiatuba, interior paulista. Mas após ter sido preso pela PM em junho de 2014 durante os atos anti-Copa, perdeu os empregos.

Com informações do G1
 

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