"Ele amava as filhas. Não dá para entender", afirma vizinho de crianças mortas pelo pai

"Ele amava as filhas. Não dá para entender", afirma vizinho de crianças mortas pelo pai

As irmãs Hadassa e Mirela, de 3 e 1 ano respectivamente, foram enterradas no início da tarde desta quarta-feira de Cinzas, dia 14, sob forte comoção de amigos e familiares, no Cemitério Municipal de Itatiba.

Elas foram mortas pelo próprio pai, Maicon de Araújo Rodrigues, 27 anos, que cometeu suicídio após atirar mortalmente contra as filhas, além de ferir a avó das meninas, que tentou evitar a tragédia ocorrida na tarde da última terça-feira, dia 13.

A mãe das meninas e a avó, que estavam internadas na Santa Casa de Misericórdia de Itatiba - a primeira em estado de choque e a segunda se recuperando dos ferimentos no braço - foram ao enterro.

Elas evitaram falar com a imprensa, assim como a maioria dos presentes, pois todos estavam revoltados pelo fato de um vídeo e imagens das crianças feridas, estar circulando em grupos de WhatsApp.

“É muita falta de amor filmar as crianças agonizando e depois divulgar na internet”, afirmou Sandra Santos, 59 anos, vizinha e amiga das vítimas.

Sandra reside com o marido, Firmino Costa, 50 anos, na casa ao lado onde as meninas moravam com a mãe e os avós, na rua Estados Unidos, no Jardim das Nações.

“Elas viviam aqui em casa. Foi uma fatalidade que nos deixou todos tristes”, declara.

Firmino diz que conhecia o pai das crianças de vista, mas sempre o achou amável com as crianças. “Ele amava elas, tanto que tinha o nome de cada uma tatuado no peito. Não dá para entender porque ele fez isso”, diz.

Para Sandra, o que aconteceu “foi excesso de amor”.

O vizinho da casa da frente, José Chavier de Oliveira, 49 anos, revela que trabalhou junto com Maicon por aproximadamente seis meses em uma empresa têxtil.

Ele explica que tinha pouco contato, mas conversava e brincava com o pai das crianças. “Ele era um cara tranquilo e sempre o achei muito apegado as crianças. Fiquei chocado com tudo que aconteceu”, afirma.

Oliveira ouviu os disparos que mataram as crianças e depois escutou Maicon gritar “ninguém mais vai bater nos meus filhos” antes de se matar. “Quando saí na rua vi o corpo dele caído no chão”, revela.

No boletim de ocorrência, a avó das meninas informou a Polícia Civil, que a filha estava separada de Maicon há aproximadamente um ano e o ex-genro não aceitava a separação. Ela informou que ultimamente ele vinha tentando uma reconciliação e como não conseguiu, passou a fazer ameaças, porém a mãe das crianças nunca registrou ocorrência, já que “tentava acertar a separação de forma amigável”.

O crime

No dia do crime, Maicon foi buscar as crianças em seu veículo e quando elas entraram disse à avó que ela nunca mais iria ver as netas, neste momento efetuou dois disparos de calibre 38 contra Hadassa e outro contra Milena. Na tentativa da avó salvar as netas, Maicon disparou dois tiros contra ela e um acertou no ombro. Em seguida, Maicon recarregou a arma, saiu do veículo e atirou contra a própria cabeça.

As crianças e a avó foram socorridas por Bombeiros do município até o pronto-socorro da Santa Casa de Itatiba, onde as crianças deram entrada em estado gravíssimo e acabaram morrendo. No meio do caminho, o veículo que transportava as vítimas apresentou problema de perda de potência devido a uma mangueira de água que estourou. A viatura de apoio, que estava logo em seguida, foi acionada e concluiu o transporte até o hospital.

Recomendados para você