Cientistas desenvolvem exame de sangue capaz de indicar sua expectativa de vida

Cientistas desenvolvem exame de sangue capaz de indicar sua expectativa de vida

Qual é a sua idade? Agora, pense: ela é a mesma idade do seu corpo ou ele está mais novo (ou mais velho)? E sua expectativa de vida? Essas perguntas poderão ser respondidas através de um exame de sangue que cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, desenvolveram.

No exame, é possível detectar a expectativa de vida com base na idade fisiológica do corpo, ou seja, é possível ver a idade das pessoas pelo funcionamento do organismo ao invés de apenas calcular os anos contados desde o nascimento.

"Dois indivíduos podem ter 50 anos em termos cronológicos, mas um deles pode ter o mesmo risco de morrer de alguém de 55 anos, enquanto o outro tem o mesmo risco de morrer de alguém de 45 anos", explicam os pesquisadores Zuyun Liu, Pei-lun Kuo, Steve Horvath, Eileen Crimmins, Luigi Ferruci e Morgan Levine, no estudo publicado na revista científica Biorxiv.

Os pesquisadores usaram marcadores biológicos que são indicadores do funcionamento normal ou patológico do organismo. São eles que podem medir, por exemplo, o funcionamento dos órgãos, genes e proteínas no corpo.

Para criar o teste, foram observados 42 aspectos de uma amostra de sangue, entre as quais número de células brancas, nível de glicose e de albumina. A metodologia foi aplicada em 11.432 pessoas, que foram acompanhadas durante 12 anos e meio. Durante esse período, 871 morreram.

A partir de exames de sangue e do acompanhamento para verificar quando morreriam ou desenvolveriam doenças, foi possível calcular a expectativa de vida e a taxa de mortalidade para cada grupo de "idade fisiológica".

A professora de Patologia da Universidade de Yale Morgan Levine, coautora do estudo, disse à BBC News Brasil que os resultados obtidos foram mais precisos que o de outros testes desenvolvidos até agora que levam em conta idade cronológica ou apenas um marcador biológico.

"A idade fisiológica alcançou quase 90% de precisão em estimar se uma pessoa viveria mais 10 anos ou não. Mas é importante destacar que esse cálculo é relacionado apenas à causas de morte relacionadas ao envelhecimento (surgimento de doenças crônicas, como diabetes e cardiopatias, por exemplo). Obviamente, não consideramos mortes acidentais, suicídio e homicídios", afirmou.

Melhorar a saúde no envelhecimento

É bom reforçar que o propósito da pesquisa não é dizer a idade exata que a pessoa irá morrer. A finalidade da metodologia é possibilitar a prevenção de doenças e, sobretudo, melhorar a qualidade de vida e diminuir o descompasso da idade cronológica com a fisiológica.

A vantagem desse tipo de exame, segundo a professora, é que ele consegue identificar a idade fisiológica de pessoas jovens, que não enfrentam, no momento do teste, problemas de saúde.

"Os tratamentos mais eficientes para doenças crônicas devem ter início o mais cedo possível, de preferência quando a pessoa ainda é um jovem adulto. A nossa pesquisa oferece um método capaz de indicar a necessidade de tratamentos e a eficácia deles até em pessoa jovens que são clinicamente saudáveis", disse a pesquisadora Morgan Levine, à BBC News Brasil.

Fonte: Bem Estar / BBC News Brasil

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