Empreendedorismo: a luz no fim do túnel?
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Opinião

Empreendedorismo: a luz no fim do túnel?

Artigo escrito por Miguel Haddad

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Foto: Divulgação

Muito tem-se falado sobre a desigualdade salarial entre pessoas exercendo as mesmas funções: como mostram as estatísticas, negros e mulheres são, mundialmente, sistematicamente sub-remunerados. A notícia animadora é que essa disparidade tem diminuído. 

Em nosso País há, todavia, uma desigualdade social ainda mais profunda e dolorosa, fruto da pobreza extrema. De acordo com o Banco Mundial, o Brasil tem 13,5 milhões de pessoas nessa condição. Somadas aos que estão na linha da pobreza, representam 25% da população nacional.

Ao longo da nossa história, gerações após gerações de brasileiros vivem em condições precárias, sem acesso a saneamento básico, sujeitas desde o nascimento a um ambiente insalubre e incapacitante que perpetuam a sua condição e o nosso subdesenvolvimento. 

As características e a distribuição desses brasileiros deixam claras o nefasto legado do nosso passado escravagista: 38,1 milhões, que correspondem a 72,7% dos pobres ou extremamente pobres, são pretos ou pardos, sendo que as mulheres pretas ou pardas são 27,2 milhões, o maior contingente. Vale ainda destacar que o rendimento domiciliar per capita médio de pretos ou pardos é metade do recebido pelos brancos.

Medidas paliativas, como o Bolsa Família, têm acudido, em grande parte, essa população, sem, todavia, ter o condão de alavancar a mudança de fato dessa condição.

A boa nova é que estamos assistindo agora o surgimento de uma luz no fim do túnel, capaz não apenas de mitigar a situação dessa população, mas, de forma dinâmica, possibilitar o crescente aumento da renda desse contingente: o chamado “empreendedorismo da favela”. 

O empreendedorismo da favela se dá de várias maneiras: formalizados e informais, de iniciativa local ou externa, de parceria de empreendedores nascidos e criados nas favelas com empresas do asfalto, de microempreendedores individuais e trabalhadores avulsos.

Segundo o Data Favela, o primeiro instituto de pesquisa com foco na atividade econômica das favelas brasileiras, que estuda o comportamento e o consumo de seus moradores e identifica oportunidades de negócios para pessoas externas e internas que desejam desenvolver operações nessas regiões, 29% das mulheres têm o sonho de empreender, e o sucesso profissional é um anseio de 14% dos homens que vivem nas favelas.

A pesquisa também mostrou que 46% dos seus moradores sonham em ter um negócio próprio, 56% dos entrevistados já se consideram empreendedores e 39% responderam já ter o seu negócio. 

De uma maneira geral, segundo a edição de 2022 do relatório da Global Entrepreneurship Monitor (Monitor do Empreendedorismo Global), realizado pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), 67% da população brasileira adulta está envolvida com o empreendedorismo (em 2017, essa proporção era de 15,3%), seja porque já tem um negócio, está fazendo algo para ter ou deseja começar a empreender nos próximos três anos. 

Colocada em números absolutos, essa porcentagem representa um universo de 93 milhões de brasileiros entre 18 e 64 anos, sendo 42 milhões empreendedores e os outros 51 milhões potenciais empreendedores. Os empreendedores são aqueles que já tinham um negócio, formal ou informal, e/ou que fizeram alguma ação, em 2022, visando ter um negócio no futuro. Já os potenciais empreendedores são a estimativa do número de pessoas adultas (com 18 a 64 anos) que não têm empreendimento, mas que gostaria de ter em até três anos.

Esse universo dinâmico de 51 milhões de brasileiros como potenciais empreendedores fez com que o país ocupasse a segunda maior população absoluta de potenciais empreendedores no mundo, atrás apenas da Índia – cuja população é sete vezes maior do que a nossa. 

Jundiaí tem se engajado ativamente nesse processo, desburocratizando a abertura de empresas para fomentar o empreendedorismo, regularizando no mesmo dia a inscrição municipal de empresas que exerçam atividade de baixo risco.  Não precisamos de “salvadores da pátria” ou de medidas extremas. O que vai fazer o nosso País avançar é o esforço de todos e de cada um por uma vida melhor.

Artigo por Miguel Haddad

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

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Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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