Padroeira de Jundiaí: história e significados de Nossa Senhora do Desterro

Padroeira de Jundiaí: história e significados de Nossa Senhora do Desterro

Nesta quarta-feira, dia 15, é comemorado o Dia da Padroeira de Jundiaí, Nossa Senhora do Desterro. Uma história que começou lá em 1651, quando no atual Centro de Jundiaí, na época apenas povoado, foi construída uma capela, que anos depois, em 1656 - segundo descoberta feita recentemente -, foi responsável pela elevação do pequeno povoado em Vila de Jundiahy.  

Padroeira da cidade porque é aquela, segundo o catolicismo, que protege, que defende, que é como uma mãe. Neste caso, como uma mãe para Jundiaí. O Tribuna de Jundiaí conversou com Samuel Vidilli, cientista social que tem desenvolvido um trabalho de escrita sobre a história de Jundiaí, para saber um pouco mais sobre a padroeira de Jundiaí e suas interpretações como protetora da cidade. 

"A invocação de Nossa Senhora do Desterro se dá para lembrar a fuga da Família Sagrada para o Egito, quando o rei Herodes mandou matar todas as crianças que nasceram naquela época, porque as profecias diziam que dali nasceria o Rei dos Judeus. A Sagrada Família foi 'desterrada', portanto, e se refugiaram em outro lugar por alguns anos. Daí o termo de Nossa Senhora do Desterro", explicou.

Esse significado de fuga ainda traduz para Jundiaí, como ele mesmo disse, 'uma obra do acaso', que remete principalmente aos imigrantes Italianos, que vieram para cá no século 19 fugindo do desemprego na Europa. "Nossa Senhora do Desterro é muito comum na Itália, é a 'Madonna dei Emigrante'. E essa é a padroeira da Vila, depois da cidade de Jundiaí. Há uma imagem do século 18 até hoje na Catedral que mostra a Sagrada Família, em fuga, para o Egito", continuou.

Mas não apenas os italianos vieram para Jundiaí desterrados: vieram também os portugueses - responsáveis pela formação do primeiro povoado que originou Jundiaí - e os africanos, trazidos violentamente para cá. "Todos eram desterrados à sua maneira", disse. 

Foi apenas em 1865 que Jundiaí foi elevada à categoria de município. Pouco tempo depois, em 1886, a igreja foi remodelada, ganhando as feições atuais, com suas torres altas e detalhes arquitetônicos mais elaborados.

Somente no século seguinte, em 1921, que a Igreja ganhou novos ares, com a substituição do antigo forro de madeira pelas novas abóbadas, bem como a decoração e pinturas internas feitas pelo artista Italiano Arnaldo Mecozzi.

No Brasil há, segundo o historiador, duas importantes cidades que fazem menção a essa padroeira: Jundiaí e Florianópolis. Em um país cuja imigração foi presente em quase toda sua extensão, um significado honroso, de proteção aos que aqui chegaram e até hoje chegam.

"Além desses, outros tantos vieram: japoneses, espanhóis, ingleses, alemães… E todos encontraram aqui, independente de crença, alento para as dificuldades, esperança, a possibilidade de um futuro promissor e trabalharam para a grandeza de Jundiaí, essa terra querida e próspera", finalizou.

Recomendados para você