Engana-se quem pensa que é necessário sair de Jundiaí para encontrar bons lugares para ‘turistar’. Para incentivar e divulgar o turismo pela cidade, foram criadas as Rotas Turísticas. Trata-se de seis trajetos, onde é possível encontrar bons lugares para conhecer um pouco da história de Jundiaí.
Em comemoração ao Dia Mundial do Turismo, nossa equipe foi conhecer um dos 14 lugares que fazem parte da Rota da Cultura Italiana: a Adega Santa Cecília. Por lá, é possível encontrar muitos produtos artesanais, como vinhos, licores, doces caseiros, molhos e produtos derivados do café, além de outras opções de produtores da região.
As geleias são produzidas com as frutas do próprio sítio. Foto: Tribuna de Jundiaí
Uma novidade, contada em primeiro mão ao Tribuna de Jundiaí, é que a Adega Santa Cecília vai inovar as visitas ao sítio, instalando equipamentos para que a população possa participar da pisa de uva. A ação será simbólica, já que não é o método usado no local para a produção de vinho, mas quem quiser participar poderá agendar e curtir na prática a tradição italiana de pisar as uvas.
Tradição de Família
Nossa equipe foi recebida pelo casal Márcio e Patrícia Tranquedi, que assumiram o sítio após o falecimento de Hércules Tranquedi, pai de Márcio. Tudo começou quando Hércules, que morava com a família em São Paulo, comprou o sítio em Jundiaí em 1974, para fugir da correria da cidade grande e ter momentos de lazer com a família em um local tranquilo.
Márcio e Patrícia Tranquedi. Foto: Tribuna de Jundiaí
“O sítio estava bem abandonado, mas já tinha as parreiras. Nós nunca tínhamos visto um pé de uva”, conta Márcio. Para aproveitar a plantação de uva, Hércules e os irmãos começaram a fazer vinho com a uva niágara, mas apenas para consumo da família.
O que era apenas um hobby, se tornou a paixão da família. “Meu pai se apaixonou pelas uvas. Então, comprou sítios menores ao redor para conseguir plantar mais”, relembra. A família ia e voltava da cidade grande para o interior. Em 2008, com o falecimento do pai, Márcio e a esposa Patrícia, assumiram o sítio.
Márcio aprendeu todo o processo da produção de vinho com os tios, que produziam em média 250 litros por ano, porém, como brincou ele, ninguém tinha coragem de comercializar o vinho, já que a produção era muito amadora. Na época, Márcio tinha uma oficina mecânica em São Paulo e vinha para Jundiaí apenas aos finais de semana para cuidar do sítio.
Os tios decidiram parar com a produção de vinho e foi aí que Márcio se sentiu na obrigação de continuar com a tradição da família. Ele vendeu a oficina em São Paulo e se mudou com a família para Jundiaí. Para otimizar o negócio, eles investiram em cursos e equipamentos. Nesse período, conheceram uma química, que passou a ajudar com a análise dos vinhos.
Entre os produtos, estão vinhos, licores, sucos e cachaças desenvolvidos por eles. Foto: Tribuna de Jundiaí
Certo dia, eles resolveram vender uvas em frente ao sítio a quem passasse por ali. As vendas foram boas e alguns clientes começaram a perguntar se eles também vendiam vinho. Ainda com receio, eles resolveram vender alguns vinhos que tinham lá e, logo, os clientes voltavam para buscar mais. Hoje a família aumentou – e muito – a produção de vinho. De 50 mil pés, eles aumentaram a plantação para 97 mil.
A família abre as portas do sítio para quem quiser comprar os produtos na adega, fazer um passeio pela vinícola, ou até mesmo ter momentos de paz dentro da capela.
Capela construída pela família. Foto: Tribuna de Jundiaí
A adega é o espaço que mais chama a atenção. Ela foi montada dentro de um tonel de 110 mil litros, espaço em que, antigamente, era usado para fermentação de vinho em outra vinícola.
Adega Santa Cecília. Foto: Tribuna de Jundiaí
Visitas
No sítio, eles também oferecem espaço para degustação. É um local grande, por isso quem quiser agendar para ir em grupo, pode ficar tranquilo. Além disso, é possível aproveitar e fazer um passeio guiado pela vinícola.
Espaço para degustação em grupo. Foto: Tribuna de Jundiaí
A decoração do local também surpreende. Quem gosta de história e coisas antigas, vai se encantar pelas máquinas de escrever, calculadoras e caixas registradoras antigas, além de uma infinidade de máquinas de costura de todos os tamanhos.
Caixa registradora antiga fica exposta na sala de degustação. Foto: Tribuna de Jundiaí
O espaço tem bastante verde, é bem arrumado e muito confortável. “Um dia um médico de São Paulo estava aqui em Jundiaí e queria chegar no Outlet, porém ele se perdeu. Ele parou aqui para perguntar, mas no fim, acabou comprando um vinho e ficou aqui, sentado no banquinho, comendo o pão que colocamos para degustação no dia. Ele abriu o notebook e passou a tarde inteira trabalhando. Quando perguntamos se ele ainda ia para o shopping, ele respondeu que não precisava mais, pois ali estava muito bom”, contou Patrícia.
Produtos
Os produtos mais tradicionais são os vinhos de diversos tipos de uva. As geleias também chamam a atenção, uma vez que são produzidas artesanalmente com as frutas do sítio. Depois do vinho, eles garantiram que as cachaças de mel, de cravinho e de melaço, também fazem muito sucesso.
Na adega é possível encontrar opções de bebidas alcoolicas e não alcoolicas. Foto: Tribuna de Jundiaí
Por lá experimentamos o suco branco de uva integral, que bem gelado em um dia de tanto calor, caiu como uma luva. O suco não tem adição de açúcar, água ou conservantes. Ou seja: é uva purinha. É uma ótima pedida para quem passar por lá e não puder aproveitar os vinhos – principalmente se estiver dirigindo.
Para conhecer
A Adega Santa Cecília funciona de quarta a sábado, das 8h às 18h e aos domingos, das 9h às 17h. Quem quiser ir em grupo e já aproveitar para fazer um passeio pelo local, pode agendar horário.
O maior movimento é às sextas-feiras e aos domingos, após o horário do almoço.
