O jornalista de Jundiaí, Guilherme Barros, pode dizer que teve dois motivos para agradecer pela vida na última semana: na quarta-feira (12), foi seu aniversário de 29 anos; na quinta(13), o carro em que ele dirigia capotou ao menos seis vezes na rodovia Dom Gabriel Bueno Paulino Couto e ele teve apenas algumas lesões.
Duas pessoas foram essenciais para salvá-lo após o acidente. Seus 'anjos': Gabriel Ferreira, motorista pela Uber, e um sargento da Polícia Militar que estava de folga o retiraram das ferragens do carro com princípio de incêndio.
"Ter sido salvo foi um presente. Quero agradecer a ele pela coragem. Que tenhamos mais 'Gabriéis' na vida. Corajosos, prestativos. Ali, um monte de carro passou, viram e não pararam. Ele foi o único. Só queria agradecer a ele", disse o jornalista ao Tribuna de Jundiaí.
Em postagem na sua página do Facebook, após ter encontrado nas redes sociais o motorista da Uber que o salvou, por meio de amigos em comum, Guilherme marcou o Gabriel e escreveu:
"Humanidade não depende necessariamente de rótulos profissionais. Humanização menos ainda. O Biel, junto a um sargento da PM que estava de folga, me retirou das ferragens de um carro com princípio de incêndio. Arriscaram suas vidas na Dom Gabriel. Não importa o tipo de trabalho. Não importa a guerra dos aplicativos de transporte. Importa, sempre, o ser humano".
O Tribuna de Jundiaí entrou em contato com o Gabriel, mais conhecido como Biel, que contou como tudo aconteceu.
"Eu estava fazendo uma viagem pela Uber, com um passageiro. Eu estava no sentido contrário da pista, sentido Itu, e ele sentido Jundiaí, quando vi algo como uma poeira, fumaça. Mas era noite, não dava para ver direito", contou Gabriel Ferreira.
Então, ele decidiu reduzir a velocidade do carro para ver do que se tratava. Foi quando notou, no sentido contrário da rodovia, um veículo capotado.
"Só avisei o passageiro, encostei o carro e saí correndo em direção. Nisso uma moto parou também, era um sargento da PM fora de horário de serviço. Vimos dentro do carro o Guilherme, atordoado, e vi que o carro começou a pegar fogo no motor. Aí bateu o desespero".
Nesse momento, ele o sargento tentaram quebrar o vidro do veículo de todas as formas. "Até que o sargento achou uma chave de roda e começamos a quebrar o vidro. Aí conseguimos puxar ele de dentro do carro", continuou.
Até então, o desespero de tentar salvar Guilherme o quanto antes foi maior. Nem ao menos o celular Gabriel conta que tinha levado até o local do acidente. "Eu deixei meu celular no carro, a chave no contato, deixei tudo lá, com o passageiro dentro mesmo. No momento eu só pensei em tirar ele lá de dentro".
Depois do socorro, Gabriel conta que saiu antes do resgate chegar, deixou o passageiro no destino e já logo voltou para ver se ele estava sendo socorrido.
Para Guilherme, restam apenas agradedecimentos. "O espírito dele, de ter parado, me socorrido... Eu acho que poucos fariam o que ele fez. Ele foi como um anjo. Ele poderia ter passado, voltado para a casa dele, mas parou e quis ajudar", reiterou.
E, desse lindo gesto, surgiu uma amizade. "Agora vamos ver se marcamos algo", disse Guilherme.
Apesar do grave acidente, Guilherme passa bem: ele teve apenas algumas escoriações. "Tudo contribuiu para que eu sobrevivesse", finalizou.