Jundiaí pode ser a salvação para mãe e filha da Venezuela

Jundiaí pode ser a salvação para mãe e filha da Venezuela

A venezuelana Marjorie Ustaris é formada em Contabilidade e Direito e, com o passar dos anos, construiu um excelente currículo profissional. Porém, com a crise econômica e política que atingiu seu país natal, ela tem vivido dias difíceis e, agora, está em busca de um sonho: se mudar para o Brasil com a filha Ana Paula, de 7 anos.

Para ajudá-la a sair dessa situação, uma família de Jundiaí se prontificou a trazer Marjorie e Ana Paula para a cidade, dando a ela uma chance de recomeçar.

"Ela trabalhou comigo há alguns anos. Eu fazia auditorias em empresas e conheci a Marjorie em uma multinacional na Venezuela. Ela é muito qualificada e hoje precisa de ajuda", conta Carlos Valentim, que mora em Jundiaí e é amigo da venezuelana.

Carlos conta que o pedido de ajuda veio por meio de uma rede social. Como já se passaram alguns anos que trabalharam juntos, eles acabaram perdendo o contato.
"Ela encontrou meu perfil e me mandou mensagem perguntando se eu sabia de alguma oportunidade de emprego aqui no Brasil. Ela se propôs a trabalhar com limpeza, se necessário, só para conseguir sair da situação que vive hoje", contou Carlos.

Após o pedido de ajuda, o morador de Jundiaí começou a buscar formas de ajudar a venezuelana. Junto com a esposa Andreia, Carlos se propôs a pagar a passagem de vinda para o Brasil para Marjorie e Ana Paula.

Além disso, ele conseguiu uma vaga de emprego que vai garantir à venezuelana um salário simples, porém necessário para ela se manter no Brasil inicialmente.

"Minha esposa está procurando lugar para ela morar. Estamos conversando com pensões e vendo lugares para alugar", afirma.

A maior preocupação de Marjorie tem sido com a educação da filha. "Queremos também ajuda para que a Ana Paula tenha apoio educacional, afinal a mudança de país, cultura e linguagem não será fácil pra ela", diz.

Falta de oportunidade, economia em frangalhos

Ao Tribuna de Jundiaí, Carlos contou que está fazendo o possível para ajudar Marjorie, pois viu de perto a necessidade dos venezuelanos.

Ele morou quase 15 anos nos Estados Unidos, onde trabalhava com auditoria de empresas. Por conta disso, ele viajava por toda a América Latina.

Marjorie trabalhava na contabilidade da mesma empresa que Carlos, porém na filial que ficava na Venezuela.

Em uma das visitas ao país em crise, o diretor da empresa pediu para Carlos treinar Marjorie para que ela fosse integrada à equipe de auditoria. Passado o treinamento, ela começou a trabalhar com a equipe e aplicar o aprendizado na Venezuela.

"Entre os anos de 2006 e 2007, sob comando de Hugo Chávez, o governo começou a pegar pesado com as empresas. Eles queriam mostrar força contra as multinacionais. Foi quando eles invadiram as fábricas", disse Carlos.

Um dia, após voltar do almoço, a fábrica já havia sido tomada pelos militares e ninguém podia mais entrar. Eles tiveram que se identificar e entrar escoltados por soldados para retirar os pertences.
"Na época, a Venezuela ia bem financeiramente, ainda era próspera e cheia de fartura", relembra.

Com o tempo, grandes empresas também fecharam as portas, deixando centenas de desempregados e uma economia em frangalhos.

"A Marjorie foi transferida da Venezuela para a Costa Rica e ficou lá por três anos. Porém, a crise também chegou lá e ela teve de voltar", conta Carlos.

Ao voltar para a Venezuela na metade de 2017, Marjorie encontrou uma economia parada e sem oportunidades. Para sustentar a família, ela começou a fazer 'bico' na área contábil, mas contou para Carlos que o que ganha é apenas o suficiente para comprar arroz e feijão e mais nada.

Marjorie mora com a filha de 7 anos e com os pais, que já são idosos. O marido foi embora da Venezuela, sem dar satisfações.

Há meses ela vem tentando asilo no Chile, porém o processo do visto está parado nas mãos do governo.
"Por lá, toda a documentação precisa ser apostilada e ela tem dificuldades para pagar. Para fazer essa documentação, custa bem mais caro que um reconhecimento de firma aqui no Brasil", explica Carlos.

Vinda ao Brasil

Marjorie já está com a documentação pronta e deve chegar ao Brasil no final de janeiro com a filha. Os pais dela não querem sair da Venezuela.

Inicialmente, ela ficará hospedada na casa de Carlos. A preocupação do casal é encontrar agora um lar para mãe e filha, e também uma escola para Ana Paula.

"Se alguém souber de algo ou até se uma escola quiser ajudar, podem entrar em contato. O que conseguirmos daqui até lá, vai ser excelente".

Quem tiver interesse em ajudar de alguma maneira, pode entrar em contato com Carlos e Andreia pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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