“Fui muito bem acolhido”, diz haitiano que está em Jundiaí há 5 anos e é dono de uma escola de idiomas

“Fui muito bem acolhido”, diz haitiano que está em Jundiaí há 5 anos e é dono de uma escola de idiomas

Jean Rony Louis, de 33 anos, era professor de inglês e espanhol no Haiti, mas viu uma oportunidade no Brasil e decidiu vir para cá, tentar a vida em um novo país, mesmo com todas as dificuldades de uma nova cultura e um novo idioma. Ele veio direto para Jundiaí, em 2014, por conta de um primo que já morava na cidade, e hoje é dono de uma escola de idiomas na Colônia, sócio de outra unidade na Argentina e pretende ampliar ainda mais seu negócio.

 “No Brasil existem inúmeras escolas de inglês, mas poucos são os brasileiros que de fato conseguem falar o idioma”, relatou ao Tribuna de Jundiaí.  Ele viu nisso uma oportunidade de negócio e decidiu arriscar tudo para abrir sua escola, focada em aulas particulares e conversação, com grupos de no máximo três alunos. “Eu já tive uma escola em Porto Príncipe [capital do Haiti] e quis investir aqui”, continuou.

Ao chegar em Jundiaí, ele conta que foi muito bem acolhido. “Eu sempre digo, eu não tenho nada a reclamar sobre Jundiaí e seu povo, é onde eu moro atualmente. Fui muito bem acolhido”, disse. Com oito dias conseguiu seu primeiro emprego em uma escola de idiomas, mesmo sem saber falar português, apenas com o espanhol e o inglês para se comunicar. Jean também fala francês e crioulo, as duas línguas oficiais do Haiti.

Uma das partes mais difíceis foi aprender português, diz o professor. “Fiz aulas no CESPROM [centro de acolhimento para imigrantes] e depois em outra escola. A adaptação foi rápida, tento me colocar na convivência com os brasileiros, arriscando no português. Na convivência com os estudantes, outros professores e população eu consegui desenvolver bem”, diz.

Mas levou um tempo até levar seu projeto adiante. Somente em 2016 ele abriu a Globe Idiomas, onde ele e mais quatro professores oferecem aulas de espanhol, inglês, francês e italiano. A próxima unidade deve ser no Eloy Chaves e há planos também de outra em Campinas. Além do espaço físico, são oferecidas aulas via Skype, com alunos ao redor de todo o Brasil.

“Mesmo com a crise eu consegui vários empregos em outras escolas, consegui abrir meu negócio. Também tem outros brasileiros que trabalham comigo, pude dar oportunidade a eles. É um desafio, eu não vim só para trabalhar, eu queria também dar oportunidade a outras pessoas com conhecimento para que pudessem trabalhar comigo”, continuou o professor.

Para ele, todo o acolhimento que o Brasil deu aos haitianos deve ser retribuído. “Busco fazer serviço social e voluntário com as crianças e também oferecer oportunidade de aprendizado em línguas para aqueles que não tem oportunidade de pagar. No momento que vocês ajudam os haitianos, a gente também faz a nossa parte para ajudar o povo brasileiro”, finalizou.

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