Pedagogo varzino faz doutorado sobre educação especial em escola que estudou na infância

Pedagogo varzino faz doutorado sobre educação especial em escola que estudou na infância

O pedagogo varzino, Daniel Novaes Gomes Pereira, 26 anos, voltou depois de anos ao CEMEB Erich Becker, no Cidade Nova II, em Várzea Paulista (SP), para iniciar a parte prática de sua tese de doutorado em educação especial.

 

Durante seis meses, o pesquisador vai analisar o trabalho de uma professora com um aluno autista. A ideia é possibilitar modos de aula que melhorem o processo de desenvolvimento da criança.

Daniel já trabalha com a inclusão desses alunos desde 2011, em uma escola em Jundiaí (SP). Mas, começou a estudar o assunto em seu trabalho de conclusão de curso e em sua pós-graduação em educação especial, concluída em 2014, quando resolveu analisar seu próprio trabalho pela instituição, já que tinha se tornado professor efetivo.

A ideia foi descobrir por que o ensino a autistas segue, muitas vezes, orientações médicas e é mais um tratamento do que uma prática pedagógica em si.

No mestrado em educação, concluído em 2018, pela Universidade São Francisco, em Itatiba (SP), Daniel analisou detalhadamente as próprias aulas, com o objetivo de compreender as possibilidades de aprendizagem de um aluno com transtorno do espectro autista em atividades escolares.

"A educação deve promover transformação, por meio da relação de ensino. Segundo a base teórica inclusive de minha dissertação de mestrado, o professor não deve seguir apenas prescrições médicas, como a de não olhar nos olhos de um autista, mas precisa promover um relacionamento saudável com o aluno, para que ele não se sinta excluído e possa se desenvolver como pessoa. No meu ponto de vista, não é necessário que ele receba conteúdos específicos somente por ser autista", explica o pedagogo.

No doutorado, iniciado em 2018, na mesma instituição de ensino, a ideia é fazer o estudo em uma escola pública de educação regular. "Quero ver o que está amparando o trabalho e em quais dizeres a educadora se baseia para propor atividades. O desenvolvimento da criança é singular e o ensino deve levar em conta o contexto no qual a criança está inserida e priorizar a boa relação do aluno com o professor e, assim, desenvolver suas diversas linguagens como os gestos. O foco deve ser no processo de ensino-aprendizagem, e não na deficiência em si", afirma Daniel.

O período da pesquisa está dividido em três de meses de observação (filmagem e análise das atividades aplicadas), e os outros três meses será de análise conjunta com a docente - para a construção de possíveis modos de aula que priorizem o processo de formação do aluno, da professora e pesquisador.

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Daniel quis retribuir toda ajuda que recebeu da escola em sua infância/ Foto: Reprodução/ Divulgação

Após este processo, ele poderá até mesmo compartilhar esses conhecimentos com colegas de profissão ou expor o embasamento de suas atividades pedagógicas.

O bom filho à casa torna

Daniel ainda se lembra de como chegou a Várzea Paulista, aos 4 anos de idade e da escola que estudou do 2º ao 4º ano do ensino fundamental. Os pais trabalhavam em São Paulo e, por isso, ele precisava ir à escola muitas vezes sem alguns cuidados e após fazer uma boa caminhada até chegar na sala de aula.

"Eu era muito bem acolhido pelos funcionários e professores, até mesmo nas festas do Dia dos Pais, por exemplo, quando meu pai ou mãe não podia comparecer", relembra.

Depois de receber tanto carinho e trabalhar em outras cidades, o rapaz decidiu atuar em favor do município onde reside. "Pensei: 'Quero dar uma contribuição à cidade'. Eu moro aqui. Vou contribuir com a escola na qual estudei de alguma forma, é uma tentativa de retribuir o que recebi aqui", conta.

Participação no '2nd Porto Internacional Conference on Research in Education'

Após ter realizado um estudo sobre formação de professores na educação especial, em Bragança Paulista (SP), no ano passado, o pesquisador participará de um congresso internacional, em Portugal, entre os dias 17 e 19 de julho, '2nd Porto Internacional Conference on Research in Education' (2ª Conferência Internacional de Pesquisa em Educação de Porto).

No evento, Daniel apresentará depoimentos reveladores de docentes formados na cidade, em 2018. O assunto será discutido por outros profissionais da educação de diversos países.

O trabalho do pedagogo se chama 'Objetivos educacionais para alunos com transtorno do espectro autista: a atividade de ensino em Vasily Vasilovich Davidov”. Dadidov foi continuador dos estudos de Lev Vigotski, importante referência teórica da Pedagogia.

De 25 a 27 de junho, o pesquisador participa também do Congresso Internacional de Educação Especial e Inclusão Escolar, com o trabalho “A pesquisa narrativa como possibilidade de formação para professoras da educação básica".

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