PM Vanusa descobre que colega é menino que salvou há 19 anos

PM Vanusa descobre que colega é menino que salvou há 19 anos

A cidade de Itanhaém, no litoral de São Paulo, foi palco de um emocionante reencontro entre dois policiais militares, que tiveram seus caminhos cruzados há quase 19 anos, em Presidente Venceslau, interior paulista.

Durante uma conversa com um soldado, a sargento Vanusa Pereira, de 47 anos, descobriu que seu companheiro de farda era um menino que ela socorreu em 1999, quando ele tinha 4 anos.

No dia 18 de junho daquele ano, Vanusa respondeu a um chamado no bairro Jardim Alvorada, em Presidente Venceslau, sobre um menino que havia sofrido um corte profundo no rosto e precisava ser levado com urgência para o hospital. Ao chegar na casa, a policial encontrou a vítima no colo da mãe, que implorava por socorro.

"Encontramos ele com um lençol na cabeça e percebemos que era um corte bem profundo, com uma grande hemorragia, por isso não tinha como esperar o resgate.

Então, o colocamos na viatura e socorremos até o Pronto Socorro. A hemorragia ocorreu pelo corte e porque ele perdeu quatro dentes em cima e três embaixo".

A vítima era Lúcio Fernandes Lima Kruger, atualmente com 22 anos. Ele estava brincando quando uma prateleira caiu sobre sua cabeça e o prendeu, deixando sua família desesperada.

O jovem relembra que ficou mais de um mês internado por conta de um corte profundo entre a boca e o nariz, e que enfrentou uma longa recuperação.

"Os policiais tiveram um tempo de resposta muito rápido e me levaram para o hospital. Os médicos disseram que, se não fosse por esse apoio imediato, eu teria morrido de hemorragia. Essa situação acabou definindo o que eu sou hoje. Se não fosse pela Vanusa, eu não estaria vivo e nem teria me tornado policial”.

Após o acidente, Kruger nunca esqueceu o apoio que recebeu da sargento Vanusa em um dos momentos mais difíceis da sua vida e sempre se inspirou nela. Por isso, aos oito anos, decidiu se tornar policial e conseguiu realizar seu sonho em 2014, aos 19 anos. “Eu cresci escutando histórias e sempre admirei a profissão. O que ela fez por mim eu espero fazer por alguém”.

O reencontro

No dia 6 de fevereiro, o que parecia uma conversa casual se tornou um momento de alegria e nostalgia para os dois policiais. Eles estão em Itanhaém, trabalhando na Operação Verão, e decidiram ir juntos até um mercado durante um período de folga. Foi nesse momento que ambos tiveram uma grande surpresa.

De acordo com Vanusa, ela fez algumas perguntas e Kruger contou sobre o local onde morava, a mercearia do seu avô e sobre sua mãe. Mas o que realmente chamou sua atenção foi uma cicatriz um pouco acima da boca do policial. “Eu perguntei se um armário já tinha caído em cima dele quando era criança. Ele tomou um susto e ficou se perguntando como eu sabia disso. Aí eu contei que eu havia socorrido ele. Foi de arrepiar”, conta Vanusa.

A sargento ainda conta que essa foi uma das ocorrências mais marcantes em toda a sua carreira. Apesar de tantos anos, ela costuma se lembrar de vários casos, principalmente daqueles que envolvem crianças. “Hoje eu tenho um carinho enorme por ele, me sinto uma mãezona, e acredito que a vida ainda reserva coisas muito especiais para nós”.

Kruger garante que lembrou várias vezes da sargento ao longo da vida, principalmente quando sentia algum incômodo na sua cicatriz. Ele conta que pensou em procurar por ela ao ingressar na polícia, mas não sabia se ela já estava aposentada. Agora, acredita que os dois criaram um vínculo para a vida toda.

“Não esperava reencontrá-la. O que me marcou para sempre não foi a cicatriz, mas tudo o que a Vanusa fez por mim. Ela é minha heroína. Quem sabe daqui há 15 anos eu não esteja no lugar dela, reencontrando alguém que eu tive o prazer de salvar. Quero me tornar essa pessoa que eu tanto respeito e admiro”.

De G1

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