Golpe à monarquia deu início à República brasileira

Golpe à monarquia deu início à República brasileira

Esta quinta-feira (15) é o Dia da Proclamação da República Brasileira. E para relembrar o assunto tão estudado nas aulas de história nas escolas, conversamos com o professor de história e cientista social, Samuel Vidilli, que resumiu o assunto sem deixar para trás os pontos importantes.

A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889 e foi resultado de um levante político-militar. Para Vidilli, proclamação não é o nome ideal. “Não gosto de chamar assim, afinal, não foi uma proclamação. Foi uma instauração. Marechal Deodoro no dia 15 de novembro de 1889, às 11h, aproximadamente, não falou ‘Viva à República”. Ele disse ‘Viva ao imperador”.

A ideia original do Marechal Deodoro era derrubar o gabinete do Visconde de Ouro Preto, o último gabinete ministerial do império. Vale ressaltar que o império brasileiro tinha um sistema muito parecido com o parlamentarismo britânico. “Tínhamos o chefe de Estado, que era o Imperador, majestade imperial. Tinha os ministros, que eram chamados de presidentes do conselho de ministros. Um deles era o Visconde de Ouro Preto”, conta o professor.

Em 1889, Gaspar da Silveira Martins foi o pivô da crise que culminou com a proclamação da república: Marechal Deodoro se empenha em participar da quartelada para depor o gabinete do Visconde de Ouro Preto. No entanto, Dom Pedro II escolhe Silveira Martins, arqui-inimigo de Deodoro, para suceder Ouro Preto. Tal fato desencadeou definitivamente a Proclamação da República, pois Deodoro da Fonseca não aceitava ver um inimigo assumir como primeiro ministro. Com isto, Deodoro concorda em assinar o decreto que institui o governo provisório republicano.

“Tanto foi um golpe, que em todas as constituições brasileiras, a partir de então, consta o escrito que o povo seria consultado caso quisessem voltar à monarquia. Isso aconteceu só no plebiscito de 1993. Com isso, podemos dizer que não houve uma proclamação da república, houve uma instauração da república. Ela foi instaurada no Brasil e o outro regime foi derrubado. Foi isso o que aconteceu”, explica o professor.

Para Vidilli, a data diz respeito a um golpe republicano que tirou do poder o maior governante que o Brasil já teve: Dom Pedro II. “Apesar de seus defeitos e dificuldades, ele fez um governo pacífico por 49 anos dentro do Brasil, o mais longo de todos. Pacificou o Brasil das revoltas regenciais, manteve o país unido, fortaleceu o comércio e é claro, teve momentos ruins”, diz.

O professor cita com um grande erro do governo de Dom Pedro II, a manutenção da escravatura. Com a abolição feita de forma incorreta, os negros e cativos da escravidão foram liberados sem apoio para serem inseridos na sociedade de forma justa. “A ação foi feita de forma errada, mas precisamos lembrar que era o século 19. Questões como essas não eram sequer levantadas”, ressalta.

Particularmente, Vidilli conta que não acredita que o dia 15 de novembro é uma data a ser comemorada, pelo contrário, é uma data a ser lamentada. “Tínhamos um governo ótimo que, infelizmente, nos últimos anos de governo imperial não teve bons dias. O governo imperial cometeu grandes falhas, mas todo governo comete. Aí um grupo de militares, que acreditavam que a melhor solução seria o positivismo e a república aos modos da república francesa, resolveram "começar tudo de novo". E foi o que eles começaram a fazer e, infelizmente, não deu certo. Se tivesse dado certo, estaríamos numa situação melhor do que estamos hoje”, defende o professor.

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