Rota da Uva: cerca de 9 mil pessoas fazem trajeto semanalmente em Jundiaí

Rota da Uva: cerca de 9 mil pessoas fazem trajeto semanalmente em Jundiaí

Nesta quinta-feira (27) é comemorado o Dia Mundial do Turismo. Quando pensamos em turismo, poucas vezes nos lembramos que aqui mesmo, na nossa cidade, há tantas opções diferentes para se conhecer. Roteiros carregados de história, de cultura e gastronomia jundiaiense.

 A Rota da Uva é um exemplo disso: um trajeto turístico que traduz um pouco de Jundiaí e da história da uva e das famílias italianas que aqui se instalaram. Por semana, cerca de 9 mil pessoas fazem a rota, principalmente paulistanos fugindo da correria da capital e em busca da natureza, como contou Paulo Brunholi. “É aquele morador de São Paulo, cansado de tantos prédios, em busca da terra batida, da natureza”.

O Tribuna de Jundiaí foi visitar a Rota da Uva, que integra a região do Caxambu, da Toca e da Roseira, zonas rurais de Jundiaí. Nosso itinerário foi da Adega Beraldo di Cale, seguindo pelo Museu do Vinho e a Adega do Maziero, todos na mesma região e de fácil acesso para quem está de carro.

Adega Beraldo Di Cale

Quem recebeu a nossa reportagem foi a bisneta do primeiro morador do espaço, Beraldo Paolini, italiano que chegou ao Brasil em 1905 e se estabeleceu no Caxambu em 1927, onde a família vive até hoje. Ariana Sgarioni contou que o nome da adega é uma homenagem ao bisavô, que era da cidade de Cittaducale, por isso “Beraldo Di Cale”.

O espaço oferece adega de vinhos artesanais produzidos pela família e restaurante, que abre aos finais de semana com opções gastronômicas tipicamente italianas, como por exemplo massas frescas, porções variadas e vinhos da casa.

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A bisneta do fundador, Ariana, decidiu seguir os passos da família e hoje é enóloga. Durante nossa visita, mostrou o espaço onde são produzidos os vinhos – cuja safra chega a 20 mil litros por ano –, e também os vinhedos. No sítio, são produzidas uvas como niágara e niágara rosada (uva típica de Jundiaí). Agora, a família vai plantar uvas finas, que atualmente eles trazem do Sul, como cabernet, merlot e moscato. O espaço para plantação já foi arado.

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A família desde sempre produz o próprio vinho e a própria uva, mas a ideia de comercializar só veio em 2001, por meio da mãe de Ariana, Solange Sgarioni. Mas quem desde 1950 continuou com a produção artesanal foi o filho de Beraldo, Ludovico Paolini, que recentemente faleceu e deixou o legado para os descendentes, assim como seu pai havia deixado para ele.

Na adega, os visitantes podem apreciar todos os rótulos produzidos pela casa, bem como licores, queijos e produtos típicos da fazenda. O restaurante fica logo ao lado. O espaço é todo arborizado e privilegiado com lagos e um rio que passa na propriedade.

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No espaço, nossa reportagem se sentiu acolhida. Dentre a degustação de um rótulo e outro, percebemos o quanto os vinhos eram produzidos com amor. Cada garrafa, sem dúvidas, conta a história dessa família, tipicamente italiana e jundiaiense.

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Museu do Vinho

Logo depois, a 5 minutos de carro, está o Museu do Vinho, situado à frente da adega e do restaurante da família Brunholi, família também muieto tradicional na produção de vinhos e bebidas em Jundiaí. O museu coleciona utensílios, peças, maquinários e informações sobre a história da uva e do vinho em Jundiaí.

Quem nos recebeu foi Paulo Brunholi, bisneto dos primeiros Brunholis em Jundiaí, seu Antônio e dona Ema. Paulo contou que o museu foi montado dentro de um tonel de seis metros de altura e com capacidade para 110 mil litros. Cerca de 200 pessoas passam pelo local nos finais de semana.

museu do vinho e brunholi 4

Dentre as famílias que são lembradas no museu, estão as famílias Balestrin, Fontebasso, Cereser, Marquezin, Bronzeli, Giarola e Brunholi, representando toda uma história de imigração italiana em Jundiaí e a relação destes italianos com o vinho e a uva.

Logo ao lado há a adega da família, com as produções locais. Há vinhos, licores, cachaças e caipirinhas. Um dos destaques é a cachaça, que foi medalha de ouro no Festival de Bruxelas. Já a bebida com sabor de Caipirinha é o carro-chefe da adega. Os vinhos também tem fértil produção: cerca de 70 mil litros por ano.

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O restaurante da família também é bem tradicional e as massas são as mais pedidas, sendo preparadas pela própria família desde o início das atividades. A carta de vinhos é ampla, com rótulos da própria adega e de marcas argentinas, chilenas, sul-africanas, portuguesas, australianas, francesas, italianas e brasileiras.

Há também uma mini-fazenda, um espaço arborizado com diversos animais, redário e bancos distribuídos debaixo das árvores, para os que desejam admirar o lago e descansar depois do almoço.

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Maziero

A terceira e última parada foi na famosa Adega do Maziero, já bem conhecida pelo jundiaienses como a adega do “vinho do Papa”, já que foram produzidos aqui os vinhos para dois papas quando vieram ao Brasil. Quem recebeu a reportagem foi Clemente Maziero, filho de Pedro Maziero, que foi quem decidiu lá em 1956, ainda criança, vender os vinhos produzidos no local.

Na adega, além da degustação e venda de vinhos, há também outras bebidas produzidas pela família, como a jeropiga e a bagaceira, feita da casca da uva. Há também pães, geléias, suco de uva e crústuli, todos caseiros. A decoração é toda rústica e vários barris complementam o cenário. Por ano, são produzidos de 60 a 70 mil litros de vinho. 

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São 10 hectares e mais de 60 mil pés de uva, como niágara, niágara rosada, bordô e moscato. Nossa reportagem subiu até os vinhedos, onde a paisagem é de tirar o fôlego, com muito verde e natureza. Nem parece que, logo pertinho, estão as áreas mais urbanas de Jundiaí.

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O local ficou famoso, principalmente, depois de 2007, quando o Papa Bento XVI escolheu o vinho rosê suave da adega para celebrar a missa de sua vinda ao Brasil. Clemente contou que a igreja que foi até o local e recolheu uma amostra do vinho. Depois de análises, o vinho do Maziero foi escolhido como o com mais pureza.

Também em 2013 o Papa Francisco em sua visita ao Brasil escolheu o vinho da adega jundiaiense. Os rótulos escolhidos para um almoço foram os vinhos moscato seco e bordô seco e para a celebração foi o rosé.

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E não para por aí: nesta mesma rota há ainda outros lugares para visitar, nos fazendo conhecer um pouco mais sobre a importância da uva, do vinho e dos imigrantes italianos para a nossa cidade. Para os que desejam saber mais sobre a Rota da Uva, basta entrar neste link.  

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