Em sabatina, candidatos da região discutem temas como aborto e reforma previdenciária

Em sabatina, candidatos da região discutem temas como aborto e reforma previdenciária

Nesta quarta-feira (19), ocorreu a sabatina com candidatos a deputado federal da região, no Centro Universitário Campo Limpo Paulista (UNIFACCAMP). Durante o evento, temas polêmicos e de relevância nacional foram abordados.

Com organização feita por alunos do curso de jornalismo da instituição e 10 candidatos federais, a população conferiu, pessoalmente ou por meio de transmissão ao vivo no Facebook, as propostas de cada um dos políticos. (Você pode conferir a sabatina completa por meio deste link).

A sabatina contou com candidatos com experiência anterior, bem como outros que concorrem pela primeira vez. Os dois primeiros blocos foram conduzidos pelos alunos. Depois foi a vez da imprensa. A cada pergunta, dois candidatos eram escolhidos para responder.

Participaram os candidatos: Edney Duarte Junior (NOVO); Glauco Gobbi (PSOL); Dr. José Ribeiro (Avante); Professor Eduardo (PT); Mariana Janeiro (PT); Gerson Sartori (PDT); Marcelo Cecchettini (PSL); Waldemar Cabelo (MDB); Sulinar (Avante) e Marcelo Gastaldo (PTB)

Reforma da Previdência

A primeira divergência veio quando um dos alunos questionou sobre qual o posicionamento dos candidatos Waldemar Cabelo (MDB) e Mariana Janeiro (PT) sobre a reforma da previdência.

"Tem que ser feita, só que não com o trabalhador da iniciativa privada e sim com o funcionalismo público. A renda média do aposentado público é acima de R$ 6 mil, no judiciário a faixa é de R$ 20 mil, enquanto na iniciativa privada é R$ 1900. Durante 30 anos foram criados privilégios para a casta do funcionalismo público. Só que quando falo o público, é o que tem privilégios, também tem aquele que ganha mal", disse o candidato do MDB.

Já Mariana Janeiro (PT) discordou. "Eu discordo do candidato quando ele diz que o funcionalismo público é privilegiado. Como dizer que um professor da rede pública é privilegiado? O que ele propôs é na verdade uma reforma política e isso sim tem que ser trabalhado, mas não nas costas dos funcionários públicos que levem esse país adiante. E as pessoas que recebem pensão vitalícia do exército? Disso ninguém fala. Não as reformas trabalhistas e previdenciária!", protestou.

Depois, ao responder sobre outra questão, Waldemar quis responder a candidata. “Gostaria de falar sobre meu comentário anterior: eu deixei claro que eu falei que precisa fazer reforma do funcionário público que tem privilégios, e é óbvio que professor não tem privilégio”, rebateu.

Aborto

Outra questão abordada foi o posicionamento dos candidatos sobre a legalização do aborto. Segundo levantamento feito pelos alunos, chega a um milhão o número de abortos feitos no período de um ano no Brasil. Dados da OMS ainda apontam que, a cada dois dias, uma mulher morre vítima de processos clandestinos, índice que dobra quando se trata de mulheres negras. A pergunta foi respondida pelos candidatos Dr. José Ribeiro (Avante) e Marcelo Gastaldo (PTB).

"Eu sou a favor a vida, a favor que a Constituição Federal, naquilo que tange a saúde, preserve a vida de ambos. Sou contra o aborto escancarado que trabalha em cima da faxina racial, da faxina de classes, que não é olhado com sensibilidade pelo amor e a vida. Para se tratar a questão da legalidade tinha que tratar da questão da saúde, o risco que corre o feto, a mãe, e não simplesmente aprovar algo assim, dizendo que é normal matar. A vida é sagrada. Não aprovo se não for trabalhado o todo, com a sociedade, as religiões", disse o candidato do Avante.

"Eu como cristão, a favor da vida, tenho meu posicionamento. Eu tenho há muito tempo e desde que entrei na vida pública faço a defesa. Já temos leis que defendem, estupro e gravidez de risco. O que hoje estão falando sobre até 12º gestação eu sou totalmente contrário, esse é o meu posicionamento como cristão. Eu entendo que a vida após a geração o embrião vivo. A mãe se tiver problemas, que coloque essa criança para adoção. Você não precisa tirar a vida de um ser-humano", afirmou Gastaldo. 

A afirmação do candidato ser contra a legalização do aborto devido à sua religião gerou reação de parte da plateia, que protestou afirmando que o Estado é laico.

Feminicídio

A próxima pergunta foi sobre feminicídio e foram sorteados para responder os candidatos Marcelo Cecchetini (PSL) e Edney Duarte Junior (Novo). Alunos questionaram quais medidas seriam tomadas pelos candidatos caso eleitos, já que dados da OMS apontam que a taxa de feminicídio no Brasil é a quinta maior do mundo, com uma mulher morta no Brasil a cada 2h.

"Temos que rever todas as leis, em todos os setores. No caso das mulheres, precisamos ter garantias para que eles possam ter mais segurança, que está deficitária", disse. Em alusão ao apoio à mulher, o candidato afirmou que, quando prefeito de Francisco Morato, criou projetos para este fim. "Criei o primeiro Centro de Referência da Mulher da região, que dá apoio psicológico às mulheres, para a família e as crianças", afirmou.

Já o candidato do Novo defendeu a geração de empregos e criação de creches, como forma de aumentar a independência financeira das mulheres, e maior punição de crimes.

"Temos várias medidas, a primeira é dar suporte, para que a mulher tenha condição de ser independente, ter emprego de qualidade. Outra questão é creche, menos de 30% das mulheres no Brasil conseguiram vagas de creche no Brasil. São medidas estruturais que vão diminuir muito. Tem também investimento em segurança: menos de 10% dos homicídios são esclarecidos, e dos que são menos de 20% são punidos. Tem que haver punição rigorosa", disse.

Mais à frente, quando questionada sobre outro assunto, a candidata Mariana Janeiro (PT), que tem como uma das principais bandeiras o combate ao feminicídio, aproveitou para voltar ao tema e rebater o candidato do PSL.

"Gostaria que vocês reparassem as contradições. Não adianta candidato vir aqui, falar que vai aumentar segurança pública, que a mulher precisa estar mais protegida, quando apoia, na sua chapa, um candidato que diz que a lei do feminicídio não precisa existir. Não adianta defender segurança pública por conta do feminicídio enquanto este candidato está enfrentando um levante de duas milhões de mulheres contra sua candidatura", rebateu, se referindo ao presidenciável Jair Bolsonaro, alvo de protestos de mulheres nas redes sociais.

Ideologia de gênero

A questão sobre ideologia de gênero foi respondida pelos candidatos Waldemar Cabelo (MDB) e Sulinar (Avante). Ambos foram contra.

“Tem que preservar a família. Deixar que eles façam isso com nossas crianças eu não concordo. Tem que ser na família, a família que tem que educar os seus filhos da forma que entende. Eu sou cristão e tem que respeitar isso. Esse é um tema que está iniciando a discussão no mundo. O meu posicionamento é que não estamos preparados para passar isso para uma educação na escola”, afirmou Waldemar.

Posicionamento do candidato Sulinar foi parecido. “Nasci no interior de MG, fui educado da maneira mais radical do mundo. Concordo com o respeito, não tenho preconceito com quem queira abraçar essa causa, respeito o grupo LGBT, a educação sexual, mas meus avós não tiveram educação sexual e viveram 80 anos juntos. O sexo é uma coisa tão natural que aprendemos pela natureza. A família tem que ser respeitada. Quem quiser ser isso que seja, quiser ser aquilo que seja. A educação sexual não é da maneira que estão idealizando”, concluiu o candidato.

Outros questionamentos

Um dos assuntos mais comentados foi a PEC do Teto, que para alguns candidatos deveria ser revogada, para investimento em saúde, educação e segurança. Também houveram críticas a reforma trabalhista. 

Também foram abordados temas como reeleição, verbas para pesquisa, cotas raciais, licença maternidade, Escola sem Partido, abolição do voto facultativo e pacto federativo.

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