Outubro Rosa: Mitos e verdades sobre o câncer de mama

Outubro Rosa: Mitos e verdades sobre o câncer de mama

Outubro é o mês escolhido para a campanha de conscientização do câncer de mama que, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se para este ano mais de 59 mil novos casos da doença.

Em meio à tantas informações, muitos mitos acabam sendo confundidos com as verdades e geram medos desnecessários. Para esclarecermos alguns assuntos pertinentes à data e falarmos da importância de estar ligado no que diz respeito à doença, a equipe do Tribuna de Jundiaí conversou com a mastologista Dra. Juliana Francisco. Ela é mestre em Ciências da Saúde na área de oncologia ginecológica e mamária, especialista em imagem mamária e membro do comitê técnico do Instituto Avon.

Fatores genéticos são os únicos causadores do câncer

Mito. Somente 10% dos casos são relacionados à alterações genéticas. Temos o caso que ganhou notoriedade na mídia com a Angelina Jolie, por conta da mutação genética. Porém, esses casos correspondem a 10% dos casos. 90% não corresponde a fatores familiares ou genéticos. Por isso, é importante o conhecimento dos fatores de risco do câncer de mama para conseguirmos orientar melhor.

Quando na família tem um homem com câncer de mama, é interessante investigar o restante da família, pois isso sinaliza uma maior chance de ter alteração genética na família.

O autoexame é importante, mas nem todo nódulo pode ser sentido/identificado no toque

Verdade. O mais importante do autoexame é a mulher conhecer a sua mama. Ela é a pessoa que deve se cuidar e se importar com sua saúde. Cada vez mais, nós orientamos o autoexame como ação de conhecimento e, a qualquer alteração, a mulher deve procurar atendimento médico.

Sabemos que 65% dos casos de câncer de mama foram diagnosticados pelas próprias mulheres durante o toque. Os nódulos podem ser sentidos através do autoexame a partir de 1cm até 2cm. Abaixo desse tamanho é realmente muito difícil de ser sentido. Porém, é importante lembrar da realização do autoexame uma vez por mês.

Nódulos mamários podem ser câncer

Mito. Existem vários tipos de nódulos e é importante saber que nem todo nódulo ou caroço que apalpado na mama é um câncer. Na maioria dos casos, não está relacionado à doença. O principal meio de saber a procedência são os métodos de imagem, principalmente o ultrassom.

Dependendo das características como, por exemplo, o formato do nódulo, elas podem apontar ou não um grau de suspeita de câncer de mama. Nós só conseguimos falar se ele é benigno ou não com a análise do formato. Se houver suspeita, deve ser feita a biopsia. Se for comprovado que é um nódulo benigno, então ele não tem chance de ser ou se tornar um câncer.

Quem menstrua muito cedo ou é mãe depois dos 30 anos tem maior probabilidade de desenvolver a doença

Verdade. Quando temos uma primeira menstruação muito cedo (antes dos 12 anos) e uma menopausa muito tarde (depois dos 55 anos), existe um risco maior. A gestação tardia, após os 30 anos, também é um fator de risco. Isso não quer dizer que a mulher, de fato, vai ter câncer de mama. Isso quer dizer que existe um risco maior.

O único exame capaz de detectar a doença é a mamografia

Mito. A mamografia é a melhor ferramenta que temos no rastreamento de câncer de mama. É um assunto polêmico, mas a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que ela seja feita uma vez por ano, a partir dos 40 anos. No caso de mulheres que já sentem alguma alteração na mama, o ideia é se consultar com um profissional de saúde de confiança para ser avaliada e aí sim, fazer a mamografia.

Em alguns casos, também é necessário passar pelo ultrassom de mama e em casos muito selecionados, pode ser indicado até uma ressonância de mama. A mamografia é o principal exame para o rastreamento de câncer em mulheres que não apresentam nenhuma suspeita.

Amamentar diminui o risco de desenvolver câncer de mama

Verdade. A amamentação é um fator protetor. A mulher que amamenta tem uma proteção maior contra o câncer de mama do que a mulher que não amamentou.

Câncer de mama só acontece em mulheres.

Mito. Mulher é a população de maior risco. 99% dos casos de câncer de mama acontecem em mulheres. Porém, 1% pode acontecer em homens. É importante os homens estarem atentos. Não existe exame de rastreamento para eles, mas como a mama dos homens é menor, qualquer alteração pode ser facilmente vista. Ao aparecer um caroço ou nódulo, o paciente deve procurar orientação médica.

Emoções negativas como estresse, mágoas e raiva podem causar câncer

Talvez. Não existem estudos que comprovam essa ligação. Porém, algumas emoções que podem influenciar. Atualmente, tem sido muito estudado a parte da espiritualidade, não ligada à religiões. Ter uma crença ajuda bastante no resultado do tratamento.

Mulheres com sobrepeso ficam mais suscetíveis à doença

Verdade. Temos alguns fatores de risco para o câncer de mama e um deles, é o sobrepeso e obesidade, principalmente na menopausa. Mulheres com sobrepeso após a menopausa apresentam um risco maior de desenvolver a doença. Por isso, orientamos a sempre manter um peso controlado, praticas regulares de atividades físicas e alimentação saudável. Isso reduz os riscos. Mudando os hábitos alimentares e evitando o sedentarismo, podemos reduzir em 30% o risco de câncer de mama.

Reposição hormonal pode ser um fator de risco

Talvez. Cada mulher deve conversar com o seu médico para saber qual é o melhor tratamento ou dose para ela. O que temos comprovado é que a reposição hormonal usada em um período controlado de cinco anos, não aumenta o risco. O uso prolongado da reposição hormonal pode sim aumentar o risco da doença.

Anticoncepcionais que interrompem a menstruação são eficazes na prevenção do câncer de mama

Mito. Na verdade, o anticoncepcional tem um fator protetor contra o câncer de ovário. Para o câncer de mama, ainda não foi definido se aumenta o risco ou não. Quanto a proteger, ele não tem essa ação. Existem alguns estudos sendo feitos e eles mostram que o anticoncepcional pode elevar um pouco o risco do câncer de mama, porém é muito baixo.

Mas quanto a isso, vale a pena cada mulher conversar com o seu médico e ver qual o melhor anticoncepcional e qual a dosagem ideal. Quem já faz uso do anticoncepcional, pode ficar tranquila. 

Praticar uma atividade física ajuda na prevenção

Verdade. Tanto a atividade física quanto a alimentação saudável, ajuda muito na prevenção. Quando falamos sobre atividades físicas, queremos dizer praticar mais de 150 minutos de exercícios por semana. Que seja 30 minutos de caminhada todos os dias. Isso já ajuda a manter o peso e aumenta os fatores contra o câncer de mama. Evitar o cigarro e álcool também reduz em até 30% o risco da doença.

Outubro Rosa

O movimento foi criado em 1990 e, para a Dra. Juliana, ele vem ganhando força no Brasil e isso reflete de forma positiva. “Sabemos que é o mês em que as mulheres acendem um alerta de que tem que se preocupar e tem que ir atrás. O câncer de mama é um problema de saúde pública. Chamar a atenção para o mês de outubro é importante, mas devemos lembrar todos os meses que precisamos nos cuidar e fazer os exames de prevenção”, finaliza a Dra. Juliana.

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